Dez anos depois, voltamos ao Beijupirá.
Eu me lembrava do piso de concreto incrustado com velhos garfos e colheres. Das cadeiras rústicas, das mesas brancas com toalhas floridas (abra e feche os olhos rápido: você está na Grécia!). E dos peixes.
Dessa vez, chegamos no meio da tarde de um feriado. Mesas vazias, a brisa mole levanta as pontas das toalhas das mesas, faz voar um ou outro guardanapo. As garçonetes de saia colorida acodem.
Pedimos, de entrada, uma casquinha de siri e um caldinho de peixe. A casquinha do Beijupirá é cremosa, servida numa xícara de barro. Os outros pratos também são assim – cruzam fronteiras discretas, sem se prender a convencionalismos. De um lado peixes regionais, de outro temperos orientais. Beijupirá, tamarindo. Carne de charque, cardamomo. Sem exageros.
A Ângela pediu uma “Lagosta Metida” – lagosta em cubos na manteiga com arroz de mostarda, bolinhos de batata-doce com gengibre e coco. Eu comi um “Peixubá”, peixe frito, e depois imerso em molho de leite de coco com dendê, arroz branco e alho crocante.
Uma pancada de chuva rápida nos acompanhou na sobremesa. Sorvete de tapioca com filhoses e mel de engenho.
As gotas d´água ampliavam os últimos raios de sol. Entre Pernambuco e Tailândia, parecíamos ilhados numa tarde infinita.
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R. Beijupirá (Porto de Galinhas)
tel: (81) 3552-2354
(www.beijupira.com.br)
0 resposta em “Tarde infinita em Porto de Galinhas”
O Beijupirá é muito bom, mas acho que cedeu à tentação do turismo, piorou um pouco a qualidade e aumentou o preço. Uma opção legal em Porto de Galinhas é o Muganga Bistrô (ou algo assim). Também da Associação do Prato da Boa Lembrança.
Bonito. Você achou um país imaginário ainda mais imaginário que a Tailândia…
Estive no Beijupirá há uns anos, e até hoje sonho com aquele delicioso Beijupirá ao molho de manga. Caipiroska de graviola (absolut) na entrada. O ambiente é mesmo fascinante. Pretendo voltar!
E imagine, então, se a Tailândia (ou a Bulgária) realmente existissem!!!