Da varanda, víamos o sol desmaiado refletindo nos prédios. Vicente, o mais bebê das crianças, ainda sorrindo, já tinha os olhos pesados de sono. As outras corriam pela sala enquanto as mães conversavam. O DVD já há algum tempo repetia continuamente a vinheta de abertura.
Na cozinha, coloco água a aquecer para o café e o Marcelo cuida da louça. Rodrigo, o gaúcho da turma, comenta que da próxima vez faremos um churrasco. Sobre o fogão, a farofa, o pernil ainda pela metade, alguma pouca salada murcha. E a calda perfumada que sobrou da compota da kinkan. Marcelo fita a calda com um olhar comprido de mineiro querendo alguma coisa.
– Um desperdício jogar fora esta calda. Ela ficaria perfeita em cima de um “bolim”…
Quase como mágica, eu abro o armário e tiro três muffins de goiabada que eu fizera no dia anterior. Marcelo corta os muffins, despeja a calda.
Sentamos à mesa e olhamos em volta, para nossas mulheres lindas e nossas crianças que vão crescendo. Lembramos dos nossos pais, espalhados pelo Brasil de norte e sul, ou morando em outras terras, onde a distância já não se mede pela latitude, mas pela saudade.
O café está servido. Feliz Dia dos Pais.
