Receita para um pôr-do-sol

Domingo, seis da tarde, doze graus.
Ao longe, a Serra da Cantareira envolta em cinza.
Lá embaixo, os carros passam lentos. Os faróis molhados refletem poças de luz gelada na Avenida Sumaré.
Para redimir a tarde fria, é preciso inventar um pôr-do-sol.
Na cozinha, uma panela quente e duas colheres de azeite. O azeite esfumaceia, reclama a companhia da cebola e do alho. Envolve os dois no seu calor. A cebola chia promessas culinárias, fala mais alto que a garoa. O cheiro de alho sobe, pica e aquece as narinas.
O frango desce à panela e aprecia seu pequeno spa de azeite perfumado. Alecrim, tomilho, urucum e um cálice de cerveja preta.
Acrescenta-se à panela o sol picado em pequenos cubos simétricos – ou, se não houver, cenoura, batata e mandioquinha.
Pinta uma tarde dourada no fundo da panela.
Canela. Sal. Pimenta. E quando a água ferve, duas colheres de aveia.
A sopa borbulha, quente e cremosa. A tarde esquenta, e o sol se põe.

umlitrodeletras

0 Comments

  1. Sem comentários….. cada texto doidinho…. mas, tudo bem professor, desde que o azeite seja Speciale Sadia está valendo!!! hehehehehe
    Bjs,
    Patty Hopf

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